Anna Paula Pinheiro, Caroline Gonçalves e Renata Miranda Filgueiras
Fonte: Revista Ciência dos Trabalho, n. 25.
Resumo: A presença das mulheres vem se expandindo aos poucos, no setor metalúrgico no Brasil e em São Paulo, e se inserir nessa atividade majoritariamente masculina já é uma grande conquista das trabalhadoras. Houve avanços das trabalhadoras em temas referentes ao trabalho e que impactam diretamente no cotidiano, como licença maternidade, auxílio creche, proteção às violências etc; mas ainda há um longo caminho a ser percorrido principalmente relacionado à igualdade salarial. O período escolhido para análise dos dados remuneratórios foi 2021, último dado divulgado pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) até a elaboração deste trabalho e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), ambos do Ministério do Trabalho. O estudo está dividido em quatro partes: a primeira é uma introdução sobre as mulheres no mercado de trabalho brasileiro; a segunda é um panorama das diferenças salariais entre homens e mulheres no setor metalúrgico no Brasil; a terceira, dados das mulheres na base da FEM/CUT-SP e as conquistas de cláusulas socias referentes às trabalhadoras; e por fim, uma reflexão sobre a Lei de Igualdade Salarial para as metalúrgicas.
Sumário: As mulheres no mercado de trabalho brasileiro: mais do mesmo? | As mulheres na base da FEM/CUT-SP: conquistas de cláusulas sociais | Lei da igualdade salarial no Brasil: conquista das mulheres | Conclusão
A heterogeneidade e desestruturação do mercado de trabalho brasileiro aprofundam as desigualdades que as mulheres vivem antes, durante e após seu ingresso no mundo laboral. A maior desestruturação do mercado de tra-balho durante a pandemia reforçou suas desigualdades estruturais, afetando fortemente as mulheres.
Segundo estudo do DIEESE6, no 4º trimestre de 2023, 66,2 milhões de pessoas estavam fora da força de trabalho, sendo 42,8 milhões eram mulheres, o que correspondeu a 64,6% do total. A pandemia também afetou mais as mu-lheres. Enquanto a participação dos homens voltou ao nível pré-pandêmico, as mulheres sentiram mais dificuldades para voltar e com maiores taxas de de-semprego e, mesmo com a retomada da economia, muitas ainda não voltaram ao trabalho.
A taxa de desocupação das mulheres diminuiu de 9,8% para 9,2% entre o 4º trimestre de 2022 e o de 2023 (saída de 271 mil mulheres do contingente de desocupados). No 4º trimestre de 2023, as mulheres representavam a maioria dos desocupados (54,3%), sendo que 35,5% eram negras e 18,9%, não negras.A taxa de desocupação das mulheres negras foi de 11,1% (2,8 milhões de de-socupadas, contra desocupação de 1,5 milhões de mulheres não negras – taxa de 7%).
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Anna Paula Pinheiro é Economista (UNILA), técnica do DIEESE na Subseção do SMABC.
Caroline Gonçalves é Mestre em História Social (PUC), Economista (Mackenzie), Técnica do DIEESE na Subseção FEM-CUT/SP.
Renata Miranda Filgueiras é Economista (PUC-SP), Técnica do DIEESE na Subseção CNM/CUT.