Desigualdade de gênero no mercado de trabalho: obstáculos e alternativas para a equidade no Brasil

Rosane Silva

Fonte: Revista Ciências do Trabalho, São Paulo, n. 26, nov. 2024.

Resumo: A persistente desigualdade de gênero no mercado de trabalho tem raízes profundas em fatores culturais e sociais e econômicos. Com o surgimento do capitalismo se aprofunda a separação entre esfera pública e privada que atribui às mulheres o espaço da casa e da família e aos homens o espaço do mercado e da produção econômica. Há uma ampla literatura dedicada a explorar a história da divisão sexual do trabalho, apontando para como ela funciona como base material do patriarcado e de desigualdades de gênero.

Sumário: Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça | A Lei da Igualdade Salarial e os relatórios de transparência salarial | Desafios e Potencialidades de Mudança no Mundo do Trabalho | Considerações Finais

A persistente desigualdade de gênero no mercado de trabalho tem raízes profundas em fatores culturais, sociais e econômicos. Com o surgimento do capitalismo, aprofunda-se a separação entre esfera pública e privada, que atribui às mulheres o espaço da casa e da família e aos homens o espaço do mercado e da produção econômica. Há uma ampla literatura dedicada a explorar a história da divisão sexual do trabalho, indicando seu funcionamento como base material do patriarcado e de desigualdades de gênero.[2]

Essa literatura aponta para a manutenção do poder masculino através da garantia de empregos e salários superiores aos homens e da delegação do trabalho doméstico às mulheres. Como indica Kergoat[3], operam para isso princípios de separação e hierarquização que atribuem maior valor aos trabalhos considerados “de homens” e menor valor e reconhecimento social àqueles chamados de “de mulheres”. A literatura na área também nos mostra que intersecções de classe e raça fazem com que a divisão sexual do trabalho incida de forma distinta sobre mulheres negras e das classes trabalhadoras.[4]

É fato que, ao longo das últimas décadas, as mulheres alcançaram conquistas significativas no mercado de trabalho no Brasil. Entre elas, podemos destacar o aumento de sua participação no mercado de trabalho, com o crescimento da taxa de 34,8%, em 1990[5], para 52% em 2023[6]; bem como a diminuição, na última década, da desigualdade salarial entre mulheres e homens: em 2014, as mulheres ganhavam, em média, 26% a menos que os homens[7]; em 2024, essa diferença caiu para 20,6%[8]. Embora tenha havido redução na disparidade salarial entre mulheres e homens, a diferença permanece considerável e os esforços para alcançar a igualdade plena devem ser contínuos.

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Rosane Silva é Secretária Nacional de Autonomia Econômica e Política de Cuidados.

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