Solange Sanches de Prado
Fonte: Revista Ciências do Trabalho, São Paulo, n. 26, nov. 2024.
Resumo: O trabalho doméstico congrega uma das maiores categorias profissionais no mundo e está entre as que têm as maiores dificuldades para ver reconhecidos e implementados seus direitos de cidadania e do trabalho. A organização sindical das trabalhadoras domésticas tem uma história de quase cem anos na América Latina e no Brasil. Recentemente, essa organização tomou dimensões continentais e mundiais. O trabalho doméstico situa-se na intersecção das questões de classe, gênero e raça e num espaço ambivalente: se trabalha nos domicílios – privados –, mas, como é um trabalho, é também um espaço público. Com isso, dificuldades, desigualdades e preconceitos se multiplicam. Essa categoria tem sido capaz de promover um sindicalismo atuante, em crescimento, em que pesem suas inúmeras dificuldades. As trabalhadoras domésticas lutam por seu reconhecimento no mundo como trabalhadoras, cidadãs e iguais.
Sumário: Apresentação | Um breve perfil | Uma longa história de organização | A CONLACTRAHO | A FITD | A FENATRAD | Algumas considerações finais
Este artigo busca descrever, em grandes traços, a organização sindical das trabalhadoras domésticas no mundo, a partir de nossos pontos de observação, que são o Brasil e a América Latina. O fio condutor desta história é um pouco a própria história das organizações dessas trabalhadoras. Segue, de forma algo cronológica, a criação dessas instituições sindicais, todas produto de um grande esforço pessoal e coletivo e de uma visão política e humana que ultrapassava e ainda hoje ultrapassa as limitações da vida cotidiana dessas mulheres. Por isso, citamos não somente os sindicatos, mas algumas das principais personagens dessas iniciativas, para que sejam conhecidas e homenageadas por sua coragem, persistência e enorme solidariedade. As trabalhadoras domésticas não caminham sós, levam consigo as mulheres que as precederam e abriram os caminhos que trilham. Da mesma forma que hoje abrem espaços políticos e sociais para aquelas que aqui estão e virão.
Foram realizadas entrevistas com Adriana Paz-Ramirez, Secretaria Geral da Federação Internacional das Trabalhadoras Domésticas (FITD); com Cleide Silva Pereira Pinto, Secretaria Geral da Confederação Latino-Americana e Caribenha de Trabalhadoras Domésticas (Conlactraho); e com Luísa Batista Pereira, Coordenadora Geral da Federação Nacional de Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad).
Há muito as trabalhadoras domésticas vêm construindo suas organizações nos mais diversos países do mundo. Em sua maior parte, são organizações de caráter sindical, voltadas ao alcance de melhores condições de vida e trabalho, através da ampliação das legislações e de políticas públicas que valorizem essa categoria profissional, promovendo a mudança das visões e comportamentos arcaicos e estereotipados que a cercam.
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Solange Sanches de Prado é consultora da FITD – Federação Internacional das Trabalhadoras Domésticas.