Herdeira do sindicalismo de resultados, central sindical nasce defendendo diálogo com o
capital.

Contraponto às forças sindicais que se reorganizavam a partir dos anos 1980, com a reabertura democrática no Brasil, uma nova central sindical surgiria em março de 1991, a Força Sindical. Naquele mês, em congresso em São Paulo, quase 800 entidades dariam origem à Força Sindical, ápice do movimento batizado de sindicalismo de resultados, iniciado anos antes. Defensor das forças de mercado, o novo campo consolidava a visão de um movimento sindical conciliador, que apostava na parceria com os empresários e na negociação como forma de garantir avanços para os trabalhadores.
De 8 a 10 de março daquele ano, cerca de 1,8 mil delegados, representando sindicatos e federações, formalizariam o nascimento da nova central sindical em congresso realizado no Memorial da América Latina. O perfil da nova entidade era claro: a grande maioria dos integrantes, na criação da Força Sindical, provinham de categorias urbanas e industriais do setor privado, com destaque especial para metalúrgicos e trabalhadores da indústria de alimentos, primordialmente localizados no estado de São Paulo e em seus estados vizinhos.
O surgimento da nova central dava continuidade ao movimento capitaneado pelo metalúrgico Luiz Antônio de Medeiros a partir da década anterior. Fundador e primeiro presidente da Força Sindical, Medeiros provinha do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, que se transformara em um dos principais símbolos da resistência do sindicalismo tradicional ao avanço do novo sindicalismo, no fim dos anos 1970.
Então diretor, Medeiros seria alçado a presidente interino do sindicato em 1986, quando Joaquim dos Santos Andrade, o Joaquinzão, deixou a entidade para assumir a recém-fundada Central Geral dos Trabalhadores (CGT), central que então englobava todos os sindicalistas contrários ao grupo que comandava a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que crescia na disputa pelas bases sindicais.
Em sua gestão, Medeiros então elaboraria uma nova estratégia para o sindicalismo tradicional. Sob a alcunha de sindicalismo de resultados, a entidade dos metalúrgicos paulistanos optaria pela formação de delegados sindicais afinados com a direção, a negociação pacífica com os patrões e a assinatura do maior número de acordos possíveis, com a luta voltada exclusivamente às melhorias econômicas da categoria, como forma de atender aos anseios imediatos dos trabalhadores.
Com a estratégia, Medeiros se mostraria bem-sucedido, derrotando com ampla vantagem a oposição nas eleições e mostrando que o avanço do novo sindicalismo podia ser contido. Além disso, o discurso de defesa do capitalismo também o aproximava de imprensa, empresários e governo, que elegeriam Medeiros o interlocutor do poder político e econômico com os trabalhadores. Com o apoio, formaria outros sindicatos e federações, aumentando o escopo de atuação do sindicalismo de resultados.
No início da década de 1990, Medeiros tentaria reagrupar a CGT em torno de suas ideias, sem sucesso. Naquela central, ainda havia uma unidade frágil, com a existência de grupos muito distintos entre si. Mesmo entre o sindicalismo tradicional sem vinculação partidária, os grupos se dividiam entre os pequenos e fracos sindicatos, voltados apenas à arrecadação das contribuições, e os grandes, que precisavam atuar para conter a crescente oposição nas eleições sindicais, sendo os últimos os maiores adeptos do sindicalismo de resultados. Em 1991, então, finalmente surgiria a Força Sindical, como contraponto tanto à CUT, acusada de partidária, e à própria CGT, classificada de apática, enquanto a nova central reivindicava a modernidade.
Nos anos seguintes, a Força Sindical cresceria, recebendo em seus quadros outros sindicatos até então dispersos ou mesmo ligados ao sindicalismo tradicional, que viam na nova entidade a capacidade de frear o avanço da CUT sobre as suas bases. A Força Sindical também seria vital para o destravamento do processo de privatizações na década de 1990, incentivando, em suas bases, as vendas das estatais em troca do repasse de ações das companhias para os empregados.
Inicialmente defensora unicamente da negociação, a entidade depois se mostraria mais pragmática, organizando greves e manifestações públicas quando necessário. Seus líderes também entrariam para a vida partidária, incluindo o próprio Medeiros, que seria candidato a governador de São Paulo já em 1994 e, depois, eleito duas vezes deputado federal pelo estado. No novo milênio, a Força se aproximaria das outras entidades, realizando atividades conjuntas e defendendo bandeiras comuns a todas as centrais. Atualmente, se reivindica a segunda principal central sindical do país, com quase 1,7 mil sindicatos filiados.