6 de junho de 2010: nasce a central sindical CSP-Conlutas

Fundação da entidade foi marco de movimento de ruptura iniciado seis anos antes.

Fotografia: Conlutas/Divulgação

Guilherme Daroit

Críticas a movimentos realizados pelo primeiro Governo Lula, correntes sindicais ligadas a partidos de esquerda lançaram, em março de 2004, a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas). Integrada por sindicatos e movimentos sociais, a entidade organizaria manifestações e campanhas contra decisões do Planalto, até se consolidar como uma nova central sindical. Renomeado Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), o grupo assumiria sua configuração atual em junho de 2010, demarcando seu posicionamento perante as demais centrais.

A chegada do primeiro sindicalista ao Palácio do Planalto, em 2003, marcaria também o início de um grande rearranjo na organização das entidades dos trabalhadores brasileiros. Antes congregados na Central Única dos Trabalhadores (CUT), diversos grupos que integravam partidos que passariam a fazer oposição à esquerda ao governo deixariam, também, a central, criticada por assumir papel complacente a Lula. Nasceriam, assim, na década de 2000, diversas outras centrais sindicais.

Nesse bojo, surge em 2004 a Conlutas, ainda como grupo de mobilização, especialmente a partir da Reforma da Previdência que, no ano anterior, modificara as regras diferenciadas para servidores públicos. Unindo sindicalistas, movimentos estudantis e da sociedade civil, a Conlutas também realizaria protestos contra a proposta de reforma sindical e outros projetos do governo federal. Ao mesmo tempo, na esfera sindical, fomentava chapas de oposição e desfiliações de sindicatos da CUT.

O grupo se manteria dessa forma até 2006, quando passaria a atuar, de fato, como central sindical. Em maio daquele ano, em Sumaré (SP), o Congresso Nacional de Trabalhadores (Conat), com cerca de 2,7 mil delegados, transformaria a Conlutas em uma confederação de sindicatos, defendendo a sua formalização como forma de evitar a dispersão do movimento de ruptura de diversas entidades com a CUT, iniciado nos anos anteriores.

A nova central nascia com um modelo diferente, entretanto. Para além dos sindicatos, a Conlutas passava a aceitar a filiação de oposições organizadas, grupos de estudantes, de trabalhadores do campo, informais e outros movimentos sociais, sob o argumento de integrar as lutas da classe trabalhadora. Oficialmente independente de partidos, a nascente central congregava, assim, correntes que se organizavam, em sua maioria, no Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) e no também recém criado Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

Ao mesmo tempo, entretanto, no mesmo campo, outras tentativas de centrais sindicais surgiam. Uma delas seria a Intersindical, formada em 2006 por outras correntes que também atuavam no PSOL, além de sindicatos ligados ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). A convivência partidária daria início a um processo de aproximação entre as duas entidades, resultando na convocação de um congresso com o objetivo de fusão de ambas.

Assim, em 5 e 6 de junho de 2010, era realizado em Santos (SP) o Congresso da Classe Trabalhadora, retomando a sigla Conclat que marcara a retomada da vida sindical brasileira três décadas antes.

Ainda que o objetivo do congresso fosse a unificação das duas entidades, ela acabaria não acontecendo. Divergências quanto à estrutura e estratégia da nova central, além de conflitos partidários, fariam com que a fusão não se efetivasse. Antes disso, porém, um novo nome já havia sido escolhido para a central proposta, batizada como Conlutas/Intersindical – Central Sindical e Popular.

Sem a unificação, os setores que optariam por continuar com a experiência da Conlutas encaminhariam, mesmo assim, a criação da central na sua configuração definitiva. O novo nome seria incorporado à organização, que passaria a ser chamada de CSP-Conlutas, congregando principalmente as correntes sindicais ligadas ao PSTU e movimentos sociais até então independentes, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), também convocados para o Conclat de Santos.

A nova entidade manteria as características trazidas de seu histórico, como o comando por parte de uma comissão executiva de organizações, e não uma diretoria eleita, além da junção, sob seu guarda-chuva, de sindicatos e movimentos sociais.

Com o tempo, entidades relevantes na formação da CSP-Conlutas, como o próprio MTST, se desfiliariam da central. Mesmo assim, a organização segue ativa, com cerca de 180 sindicatos filiados, sendo atualmente a sétima maior central em número de sindicatos do país.

Guilherme Daroit é jornalista e bacharel em Ciências Econômicas, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região.

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