Grupo de pesquisadores de diversas áreas discute temas ligados ao trabalho, com eventos e publicações.

Guilherme Daroit
Na esteira da redemocratização brasileira, que anunciava novos tempos para o mundo do trabalho e para a pesquisa no país, também surgia um importante personagem para as discussões e os avanços no campo laboral. Fundada em São Paulo, a Associação Brasileira de Estudos de Trabalho (ABET) reúne até hoje mais de 700 pesquisadores de áreas e conhecimentos diversos, fomentando o debate sobre questões trabalhistas por meio de atividades científicas, como encontros e publicações, que divulgam os resultados dos estudos nacionais sobre o tema.
Debatida anteriormente, a criação da ABET se efetivaria em 30 de maio de 1989, em assembleia realizada no Hotel Pan-americano, na capital paulista. Desde lá, com definição inclusive em seu estatuto, a entidade defende a multidisciplinaridade necessária para a compreensão do mundo do trabalho.
Dessa forma, a ABET reúne pesquisadores e questões de diversos campos do conhecimento. Atualmente, fazem parte da associação profissionais ligados às Ciências Econômicas e ao Desenvolvimento, às Ciências Sociais, às disciplinas da Saúde, à Educação, à História e às engenharias, entre outras disciplinas, que promovem o ensino e a pesquisa da área do trabalho, por meio do intercâmbio entre as matérias.
Fiel a seu caráter interdisciplinar, a ABET atua, hoje, por meio de 16 grupos temáticos, que discutem temas como a regulação e as instituições trabalhistas, a desigualdade, o sindicalismo, questões raciais e de gênero, as reconfigurações do trabalho e seus efeitos, as migrações e a interlocução entre trabalho e saúde e educação, entre outros.
Novos grupos seguem sendo criados conforme a evolução do campo. Os dois GTs mais recentes, por exemplo, debatem a plataformização do trabalho, em voga com a consolidação de serviços como o Uber, e as reformas neoliberais, como a Reforma Trabalhista de 2017, que modificou a regulamentação do emprego no Brasil.
Espalhados em instituições de ensino e pesquisa por todo o país, os associados debatem e divulgam sua produção por meio de dois grandes canais da entidade, que se transformaram em polos de conhecimento sobre o tema.
O primeiro deles é o Encontro Nacional da ABET, realizado a cada dois anos desde a criação da associação, que contempla praticamente toda a produção científica sobre os temas ligados ao trabalho realizada no Brasil. Além disso, reúne também pesquisadores de outros países, estimulando o intercâmbio acadêmico. A última edição, ocorrida em 2023, em Brasília (DF), teve como tema “Futuros do Trabalho”. Já a próxima, prevista para julho de 2025, em Florianópolis (SC), abordará o Trabalho e os Direitos no Século XXI, focando nos caminhos para a reconstrução do aparato legal de defesa do trabalhador.
Para além do ENABET, a associação também possui uma publicação como seu outro canal de divulgação. Editada desde 2001, a Revista da ABET, jornal acadêmico de estudos do trabalho, divulga, semestralmente, artigos vinculados aos temas abordados pela entidade. A associação ainda realiza eventos intermediários, geralmente de abrangência regional, no qual são debatidos temas específicos. Ainda que primariamente voltada ao mundo acadêmico, a ABET também atua com a promoção do conhecimento na perspectiva de subsidiar os debates e influir na elaboração de políticas públicas. Por meio de parcerias, a entidade dialoga com outras associações voltadas ao mundo do trabalho, no Brasil e em outros países. Em seu site, a ABET também agrega artigos e reportagens sobre os temas de seus grupos de trabalho, publicados em outros veículos.
Guilherme Daroit é jornalista e bacharel em Ciências Econômicas, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atualmente, é diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região.