Trabalho e escola nos assentamentos do MST

Sandra Luciana Dalmagro

Fonte: Trabalho & Educação, Belo Horizonte, v. 21, n. 3, p. 219-236, set./dez. 2012.

Resumo: Este artigo reflete sobre a experiência de trabalho nos assentamentos ligados ao MST e sobre a relação trabalho-educação na proposta educacional e nas escolas ligadas a este Movimento. Partimos de algumas considerações acerca do trabalho e da produção capitalista no campo brasileiro e mesmo mundial e suas implicações junto aos diferentes grupos de trabalhadores do campo. Posteriormente discutimos a experiência dos assentamentos considerando esse mesmo contexto. Por fim, realizamos apontamentos sobre a trajetória da educação escolar do MST com foco na relação trabalho-educação. As fontes da pesquisa são documentos do Setor de Educação do MST e teses sobre escola neste Movimento Social. Consideramos, ainda, o trabalho de acompanhamento que realizamos junto às escolas. Entendemos o MST como um movimento social em luta por terra, trabalho, Reforma Agrária e por transformações sociais profundas. Nessa direção, este artigo se propõe a refletir sobre a articulação entre as lutas mais amplas desse Movimento e a realidade dos assentamentos, com as formulações e experiências educacionais gestadas em seu interior. Concluímos pela existência de uma íntima relação entre as lutas do Movimento e suas proposições na área educacional, pela centralidade atribuída ao trabalho no processo educativo, especialmente até meados dos anos 1990, e pela articulação entre o grau de organização das lutas e os avanços na área educacional.

Sumário: Introdução | O trabalho e os trabalhadores do campo | A organização dos assentamentos no Movimento Sem Terra | A relação trabalho-escola no MST | Considerações finais | Referências

Introdução

Este artigo tem por objetivo refletir sobre a experiência do MST com a educação escolar, em particular sobre como o trabalho é considerado na formulação desta proposta. Abordamos também a organização da vida e do trabalho nos assentamentos, espaço que, após a ocupação da terra, reflete o desafio de estruturar a vida sob bases superiores à capitalista. Trazemos as reflexões do MST sobre o assentamento, bem como estudos acadêmicos que apontam as conquistas e os limites desse processo. Esse quadro encontra-se articulado com a exposição que realizamos sobre as relações de trabalho no campo no Brasil, apontando para a penetração do capitalismo no espaço rural e as diversas formas como este explora as formas de trabalho com as quais se relaciona. Assim, imersos na sociedade atual, mas buscando superá-la, como apontam as lutas do MST, é que refletimos o projeto de educação do Movimento e a realidade escolar nas áreas de assentamento.

Este texto ancora-se em estudos e pesquisas anteriores por nós realizados e aqui, em particular, nos apoiamos em documentos do MST que abordam a questão escolar e na análise de teses com este mesmo foco. Pautamo-nos, ainda, pelas observações e questões levantadas no trabalho de longos anos que realizamos junto ao setor de educação do Movimento, em especial no acompanhamento às escolas de assentamentos.

O texto estrutura-se em três partes. Na primeira parte, refletimos sobre a realidade do campo brasileiro e as condições de trabalho e vida neste espaço; na segunda, problematizamos o MST como movimento que expressa as contradições da sociedade burguesa e procura gestar relações humanas superiores à sociedade vigente e, por fim, na terceira, discutimos a proposta educativa no Movimento em questão.

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Sandra Luciana Dalmagro é Professora Adjunta do Departamento de Estudos Especializados em Educação/Centro de Ciência da Educação – UFSC.

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