Tecnologia da informação abre mais vagas e medicina é carreira mais promissora

A maior quantidade de postos de trabalho que demandam diploma de ensino superior abertos entre 2009 e 2012 foi para as atividades relacionadas à tecnologia da informação. Por outro lado, a medicina continua sendo a carreira mais cobiçada pelos jovens brasileiros na hora da inscrição aos vestibulares. Os dados são do estudo Radar: Perspectivas Profissionais – Níveis Técnico e Superior, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado quarta-feira (3).

Dos mais de 300 mil postos abertos no período, 49,5 mil estão na área de Tecnologia da Informação, o que corresponde a 16% do total. Entre as carreiras que passaram a oferecer mais postos de trabalho nos últimos anos estão enfermagem (27,2 mil) e as nas áreas de relações públicas, publicidade e mercado e negócios, com 20,8 mil postos de trabalho.

Em relação aos ganhos salariais, o Ipea constatou que os peritos criminais foram os que tiveram os maiores ganhos acima da inflação no período analisado: os rendimentos aumentaram 523,7%. De acordo com o instituto, isso é uma consequência das políticas de valorização da carreira pública, o que pode ou não estar relacionado à escassez de profissionais na respectiva área.

Depois dos peritos, os profissionais ligados à administração de serviços de segurança foram os que tiveram mais ganhos salariais no período apurado, totalizando 174,4%. Praticamente com o mesmo percentual de ganho apurado estão os auditores fiscais da Previdência Social, outra carreira pública que teve aumentos decorrentes dessa política governamental.

O Ipea observou que para as atividades de nível superior, no setor privado, em que há mais demanda, como tecnologia da informação, enfermagem e relações públicas, os salários de admissão foram mais altos do que os de demissão. Isso, para o Ipea, demonstra a escassez de profissionais no mercado e dá uma resposta ao fenômeno da rotatividade no Brasil, quando há muitas demissões.

Em compensação, também existem muitas contratações nesses períodos, segundo pode ser verificado, mensalmente, nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

“Para essas ocupações, pode-se prever uma continuidade, no futuro próximo, dos aumentos salariais recentes pois as empresas estão enfrentando dificuldades para substituir, nas mesmas condições salariais, os profissionais desligados”, informa o estudo.

De acordo com os dados do Ipea, os delegados de polícia foram os profissionais com nível superior que tiveram as maiores perdas salariais: -64,4% entre 2009 e 2012; seguidos por engenheiros ambientais, com redução de mais da metade do ganho real (-52,6%) e por chefs de cozinha (-37,3%).

Em relação a cursos de nível técnico, os que mais abriram vagas no período analisado estão no setor da saúde, como técnicos e auxiliares de enfermagem, técnicos em próteses ou em imobilizações ortopédicas, técnicos em odontologia, técnicos em óptica e em optometria, e tecnólogos e técnicos em terapias complementares e estéticas. Nessa área, foram criados quase 100 mil postos, 25% das praticamente 400 mil vagas abertas em atividades de nível técnico. Em eletroeletrônica e fotônica – profissões relacionadas à geração e à transmissão de energia –, foram abertas quase 50 mil vagas. Em áreas de operações comerciais, pouco mais de 40 mil.

“Mapas feitos a partir desses números são bastante úteis para formuladores de política que se veem diante da decisão sobre onde está a maior demanda por formação profissional para cada tipo de qualificação, bem como para cidadãos interessados em saber onde pode haver maior quantidade de novas vagas surgindo em sua profissão”, avaliam os técnicos responsáveis pelo estudo do Ipea.

Os maiores ganhos salariais entre as atividades que demandam certificado de curso técnico são os de operadores de câmera fotográfica, de cinema e de televisão (51,1%), seguidos pelos profissionais de inspeção, fiscalização e coordenação administrativa (41,6%) e de laboratórios (29,3%). Os técnicos em biologia, necropsia e taxidermia e apoio em pesquisa e desenvolvimento de produtos tiveram queda de ganho nos rendimentos de -26,1%, -15% e -9,3%, respectivamente.

Medicina é o curso mais vantajoso

De acordo com o estudo do Ipea, uma avaliação que considera salário, jornada de trabalho, facilidade de se conseguir um emprego e cobertura previdenciária faz que a carreira médica tenha as condições consideradas as mais interessantes a um futuro profissional. Atualmente, o curso é um dos mais cobiçados nos vestibulares, momento em que os jovens têm de decidir suas profissões.

“A carreira de medicina foi a vencedora disparada, com um índice 30% maior do que a segunda colocada, odontologia. Medicina já era a líder do ranking na década passada”, informou o estudo, coordenado pelo presidente do Ipea e atual ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Marcelo Neri.

O salário médio dos médicos ao longo da carreira, segundo o Ipea, é o mais alto: R$ 8,4 mil; seguido pelo dos empregados no setor militar e de segurança, R$ 7,6 mil; e dos profissionais em serviços de transporte (engenheiros de trânsito, especialistas em logística, pilotos de aviação, administradores de portos e aeroportos, por exemplo), R$ 6 mil.

Não só a remuneração, no entanto, coloca a medicina em primeiro lugar no ranking de profissões do instituto. A facilidade de encontrar um emprego, expresso pela taxa de ocupação de 97% dos médicos formados, também a maior entre as carreiras e a cobertura previdenciária, de 93,3%, são fatores determinantes.

Em relação à jornada de trabalho, os médicos não estão entre os cinco que trabalham mais horas por semana. Os profissionais que passam mais horas semanais dedicadas ao emprego, são os engenheiros mecânicos e especialistas em metalurgia, 42,8h, o que corresponde a mais de oito horas por dia, jornada normal estabelecida pela legislação trabalhista brasileira. Outras carreiras que também têm jornadas mais extensas que o normal são as nos setores farmacêutico – 42,6h – e de engenharia, produção e processamento – 42,5h.

Em contraponto à medicina, primeira colocada no ranking do Ipea, as profissões de nível superior ligadas a religião, ética e filosofia e educação física e esportes são as que oferecem as piores condições no mercado de trabalho, segundo os critérios avaliados. Por um lado, essas três carreiras têm baixa jornada de trabalho, entre 37h e 39h semanais, o que é um ponto positivo. Por outro, oferecem, em média, baixos salários que variam de R$ 2,1 mil a R$ 2,7 mil, além de baixa cobertura previdenciária e taxa de ocupação média de 89% dos profissionais formados têm emprego).

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Fonte: Rede Brasil Atual, com Agência Brasil
Texto: Carolina Sarres
Data original da publicação: 03/07/2013

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