Resistência e consentimento na empresa pós-fordista: uma etnografia com trabalhadores da Embraer

Autor:Marco Antonio Gonsales de Oliveira
Orientador:Arnaldo José França Mazzei Nogueira
Ano:2017
Tipo:Tese de Doutorado
 Instituição:Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Faculdade de Economia, Administração, Contábeis e Atuariais. Programa de Estudos Pós-Graduados em Administração
 Repositório:Biblioteca Digital da PUC-SP
 Resumo:O objetivo desta tese foi estudar as relações subjetivas entre os trabalhadores e a Embraer, uma empresa alinhada aos conceitos pós-fordistas de gestão. Para tanto, através dos conceitos da etnografia nos moldes de um estudo de caso ampliado, por um ano frequentei os espaços de conflito entre capital e trabalho, participei de reuniões no Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, ouvi os trabalhadores no sindicato e fora dele, frequentei a entrada da Embraer, acompanhei as mobilizações antes e durante os movimentos paredistas (greves e assembleias), conversei com os trabalhadores tanto do setor produtivo quanto da gestão da Embraer e observei-os. Por meio de estudo prévio realizado sobre as produções de autores como Antonio Gramsci (1978, 1984, 2004, 2008) e Michael Burawoy (2012, 2014), além dos principais autores da teoria crítica em estudos organizacionais, da sociologia e da interação com a classe trabalhadora, veio à tona uma interessante constatação: os intentos subjetivos propostos pelas empresas pós-fordistas não são tão efetivos como muitos estudos apontam. Não há efetividade dos intentos subjetivos sob relações precárias de trabalho. Boa parte da classe trabalhadora, uma interessante fração, explicitamente a mais precarizada, é cética no tocante às propostas subjetivas das empresas. “Não temos muito o que perder, mas o que temos ainda é muito” (trabalhadora da Embraer ao comemorar o fim de uma greve). São trabalhadores imersos na hegemonia articulada pelos intelectuais orgânicos burgueses, subjetivados pelos valores e padrões sociais burgueses, mas que não demonstram em seu cotidiano, em suas falas e em seus comportamentos a proposta de subjetividade que a empresa promove. O trabalhador precariado preocupa-se mais com os laços objetivos das relações de trabalho e menos com as promessas e pechinchas emocionais promovidas pela empresa: seu objetivo é estar e manter-se empregado. Mesmo consentindo, muitos compreendem a situação de opressão e injustiça que a realidade do seu trabalho lhes impõe. Há consentimento, mas pouco comprometimento, daí a fragilidade do modelo de desenvolvimento pós-fordista, em que o limiar entre o consentir e resistir é tênue. Por outro lado, curiosamente nos espaços de conflitos estudados, explicitou-se, de uma forma inédita, um movimento de “contrarresistência organizada” em busca de consentimento e de comprometimento: um movimento organizado de contenção à resistência sindical. Líderes, gestores, engenheiros e técnicos se organizaram e confrontaram o sindicato durante os movimentos paredistas de 2014 na Embraer. Sob o contexto da precarização do trabalho, os trabalhadores com “mais salário”, também sob ameaça, tendem a aderir com veemência às propostas subjetivas da empresa. Quando as classes ditas subalternas entram em conflito, aqueles que auferem “mais salário” – a burguesia assalariada – diferenciam-se e distanciam-se da massa da classe trabalhadora mais pobre, assimilando com maior facilidade os valores da classe hegemônica e, por estes, resistem e também lutam: é o medo de se tornar um proletário ou um trabalhador precário
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