Repórter Brasil é alvo de ataques para censurar reportagens sobre trabalho escravo

Capa do site Repórter Brasil. Imagem: RBA

O portal Repórter Brasil denunciou na terça-feira (12) que vem sendo alvo de uma série de ataques digitais, contra seu site, e físicos, contra a sua sede. De acordo com a organização, invasores estão usando de violência para censurar três anos de reportagens sobre trabalho escravo e as violações de direitos humanos. Fundada em 2001 pelo jornalista Leonardo Sakamoto, a Repórter Brasil é uma das principais fontes de jornalismo investigativo sobre o tema no país

Desde o dia 6 de janeiro, após uma série de ataques virtuais, o site do Repórter Brasil vem enfrentando dificuldades para se manter estável. Naquele dia, chegou a ficar fora do ar durante algumas horas. Logo depois, a organização afirma ter recebido um e-mail anônimo, confirmando que os problemas técnicos eram em decorrência de ações criminosas. Na mensagem, o autor ainda escreveu “para que isso (ataque) não ocorra novamente removam as matérias nas pastas de 2003, 2004, 2005”. 

Na manhã do dia seguinte, a sede do Repórter Brasil sofreu também uma tentativa de invasão física. Criminosos tentaram arrombar o portão, o que foi impedido, segundo a organização, pela chegada de vizinhos. A sede precisou, no entanto, ter a segurança reforçada e a entrada, de passar por reparos. Ainda segundo o Repórter Brasil, na sexta-feira (8) os invasores voltaram a entrar em contato, com um ultimato. “Vamos esperar até 11/01 para que atendam nossas solicitações”. Com a negativa de atender à intimidação, os ataques ao site voltaram com força e a página novamente ficou fora do ar ontem (11) por algumas horas. Da mesma forma, há problemas para acessar o conteúdo hoje.

Censura pela violência digital

Em comunicado em seu site, o Repórter Brasil declarou que já foram lavrados boletins de ocorrência e o Ministério Público Federal, e outras instituições competentes, vêm sendo comunicadas. O portal disse ainda que é “constantemente assediada por descontentes que exigem que reportagens sejam retiradas do ar”.

“A situação não é apenas um flagrante desrespeito à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa, mas também possível crime de constrangimento ilegal, previsto no artigo 146 do Código Penal”, escreveu. O Repórter Brasil também aponta que esse é “um alerta a outros veículos de um novo tipo de assédio: a censura através de violência digital”. 

Pelas redes sociais, jornalistas, entidades e outros meios de comunicação também se solidarizam e exprimem indignação pela violência. 

Fonte: RBA
Data original da publicação: 12/01/2021

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