Protestos marcam Dia do Trabalho em todo o mundo

Milhares de pessoas saíram às ruas de todo o mundo na quinta-feira (01/05), Dia Internacional do Trabalho. Na Europa, muitas manifestações marcam tradicionalmente este 1º de Maio, nascido durante o movimento para a redução da jornada de trabalho no fim do século XIX nos Estados Unidos. Na Espanha, que continua convivendo com um desemprego recorde, a população foi às ruas. Sob o lema “sem emprego de qualidade não há recuperação”, milhares de pessoas protestaram nesta quinta-feira em 70 cidades da Espanha, onde os sindicatos denunciam uma precarização trabalhista, apesar da incipiente reativação econômica.

No Brasil, a data foi lembrada com manifestações em diversas cidades. O encontro com maior número de participantes, cerca de 3 mil pessoas, segundo a Polícia Militar (PM), ocorreu no Vale do Anhangabau, centro da capital paulista. O evento foi organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB). Durante todo o dia, o público pode ver shows e discursos de políticos governistas e de oposição.

Os dirigentes das centrais sindicais aproveitaram o evento para relembrar a pauta de reivindicações dos trabalhadores e anunciar novo movimento de pressão sobre o Congresso Nacional para a aprovação de pautas consideradas prioritárias, como o fim do fator previdenciário e a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. “Nós sentimos que há condição, até pelo momento eleitoral, de que a gente avance em algumas das coisas que nós tanto queremos”, enfatizou o presidente da CSB, Antonio Neto.

Em todos os continentes trabalhadores fizeram manifestações. Na capital cubana, em Havana, mais de meio milhão de pessoas, segundo estimativa oficial, participaram do desfile central na emblemática Praça da Revolução, sob a liderança do presidente Raúl Castro, que como de costume acompanhou a marcha de uma tribuna no monumento dedicado a José Martí.

Na França, os sindicatos protestaram em Paris contra o plano de cortes de € 50 bilhões anunciado pelo primeiro-ministro, Manuel Valls. A menos de um mês das eleições europeias de 25 de maio, a ultradireitista Frente Nacional apresentou sua tradicional marcha como uma demonstração de força para reforçar sua posição nas pesquisas, que a colocam nas primeiras posições, emparelhada com a direitista UMP, da oposição.

Na Grécia, dezenas de milhares de pessoas protestaram contra a austeridade e por uma Europa social, lembrando que a riqueza “é fruto dos esforços dos trabalhadores”.

Na Itália, onde o presidente do Conselho, Matteo Renzi, prometeu devolver a confiança aos italianos, que saem de mais de dois anos de recessão, foram registrados confrontos entre a polícia e os manifestantes em Turim (noroeste).

Em Portugal, trabalhadores criticaram a alta dos impostos após os empréstimos da Troika, grupo formado por Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI que estabelece as exigências aos países com dificuldades econômicas. O novo projeto do Executivo conservador anunciado ontem, que amplia até 2018 os planos de austeridade com altas do IVA e da contribuição salarial à Seguridade Social, terá “dura resposta”, de acordo com as centrais sindicais.

Horas antes já haviam sido registrados confrontos na Turquia. A polícia turca utilizou canhões de água e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar centenas de pessoas que tentaram desafiar a proibição de se manifestar na praça Taksin, onde no ano passado ocorreram protestos que chegaram a colocar o governo em xeque. Nas imediações da praça foram mobilizados até 40 mil agentes da polícia, que isolaram todas as avenidas e ruas próximas para impedir seu acesso.

No Camboja, trabalhadores têxteis ganham menos de US$ 100

As celebrações de 1º de Maio também foram perturbadas no Camboja, onde os sindicatos pediram apoio aos trabalhadores do setor têxtil em greve em duas zonas econômicas especiais perto da fronteira com o Vietnã. A maioria dos trabalhadores do setor, que dá emprego a 650.000 pessoas, ganham menos de US$ 100 mensais. A polícia, armada com cassetetes, dispersou os manifestantes reunidos ao redor do Parque da Liberdade em Phnom Penh, fechado para impedir o acesso aos opositores do primeiro-ministro Hun Sen, no poder há 30 anos.

Na Rússia, cerca de 100 mil pessoas protestaram na Praça Vermelha de Moscou, muito próxima ao Kremlin, por ocasião do Dia do Trabalho, recuperando uma tradição soviética desaparecida há 23 anos.”Putin tem razão”, “Estou orgulhoso do meu país”, afirmavam alguns dos cartazes mostrados pelos manifestantes, em meio a um mar de bandeiras russas.

Outros cartazes e representantes sindicais celebraram a incorporação da Crimeia à Rússia, que não é reconhecida pela Ucrânia e pela comunidade internacional. Já em Simferopol, capital da Crimeia, cerca de 60 mil pessoas marcharam nesta quinta-feira com bandeiras e retratos do presidente russo Vladimir Putin.

Além disso, também ocorreram manifestações na Indonésia, na Malásia e nas economias mais desenvolvidas da região, como Hong Kong, Cingapura, Coreia do Sul e Taiwan, onde o aumento do custo de vida pioram as desigualdades.

Na Venezuela, opositores convocados pela Mesa de Unidade Democrática e chavistas acompanhados pelo presidente Nicolás Maduro marcharão em locais separados de Caracas, após o anúncio de um aumento do salário mínimo em 30% em resposta à elevada inflação.

Fonte: compilação de informações da Agência BrasilO Globo, Opera Mundi e agências internacionais de notícias
Data original das publicações: 01/05/2014

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