Protesto contra demissões na Usiminas tem confronto com PM e três prisões

Cerca de 300 manifestantes participaram, na manhã desta quarta-feira (11), de um protesto contra a paralisação na produção de aço e a possível demissão de cerca de 4 mil trabalhadores na unidade da Usiminas, em Cubatão. A mobilização contou com o apoio de 40 centrais sindicais e teve início ainda durante a madrugada. Três sindicalistas foram detidos e, até por volta das 9h15, não havia reflexos no trânsito da região.

Apesar da mobilização ter sido iniciada de forma pacífica, a situação fugiu do controle por volta das 6h40, quando policiais do 2º Batalhão de Ações Especiais (Baep) da Baixada Santista, juntamente com a Cavalaria e a Força Tática, abriram caminho na portaria 2 da Usiminas para a passagem de 15 ônibus com trabalhadores.

A policia utilizou gás lacrimogêneo e tiros de borracha para liberar a entrada dos servidores. Houve um corre corre e tumulto, dispersando a multidão e frustrando o movimento dos sindicalistas.

Conforme informações da Polícia, as prisões ocorreram após os ativistas desobedecerem à ordem da Polícia Militar. Algumas pessoas se machucaram e o gás lacrimogêneo atingiu jornalistas. Trabalhadores, que estavam do lado de fora da empresa, também chegaram a passar mal durante o confronto. 

Com a confusão, o principal objetivo do ato, que era a realização de uma assembleia que definiria a paralisação dos trabalhadores e uma passeata em direção à Prefeitura, não foi atingido.

Por volta das 9h15, os três sindicalistas foram soltos. São eles: Eliezer da Cunha e Claudinei Gatto, diretores da Intersindical, e Victor Martins, jornalista da central sindical.

”Eu não sei porque fui detido. Estava entrando no carro e os policias me pegaram. Chegamos na empresa às 4 horas e recebemos a informação que a PM já estava lá dentro. Ficamos detidos por duas horas, colocamos no boletim repressão aos trabalhadores e contamos o que a polícia fez”, afirmou Claudinei Gatto.

O jornalista Victor Martins contou que estava filmando o momento em que o colega Eliezer da Cunha quando a PM o prendeu. ”Eles levaram meu equipamento e apagaram as imagens. Registrei um boletim de ocorrência”.

Frustração

“Depois de tudo isso, é um sentimento de frustração. Onde já se viu o Estado, que deveria lutar pelo emprego das pessoas, reprimir. Eles jogaram bombas nos trabalhadores. Queriam dispersar para que não houvesse assembleia e conseguiram”, lamentou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Florêncio Resende de Sá, o Sassá.

Em apoio ao ato, o presidente do Sindicato dos Estivadores, Rodnei  Oliveira da Silva, conhecido como Nei da Estiva, afirmou que as atividades no Porto de Santos também foram paralisadas. “Fizemos cumprir uma hora de paralisação em defesa do emprego dos trabalhadores”.

A ação da polícia foi amparada por uma ordem judicial expedida na noite da terça-feira (11), que proibia que os sindicalistas impedissem a entrada de trabalhadores na empresa. Segundo a decisão, o grupo teria que ficar a uma distância segura dos portões de entrada da empresa.

Entrada antecipada 

Os primeiros ônibus começaram a chegar à empresa por volta das 6h30. Segundo o coordenador da Força Sindical, Hebert Passos, a expectativa era grande para a realização da assembleia, o que não ocorreu.

“Finalmente o Governo do Estado mandou reforço para a nossa região”, afirmou no início da manhã, em tom irônico, referindo-se ao volume de policiais militares destacados para garantir a segurança no local.

Ainda segundo ele, a Usiminas recebeu um turno extra de trabalhadores às 3 horas, antecipando o horário de trabalho de vários funcionários. “Isso foi uma estratégia para evitar o que estamos fazendo aqui. Hoje é dia de paralisação para defender o emprego”.

Segurança

“Recebemos a ordem judicial às 19 horas de terça-feira (10/11), que estabelece uma distância segura dos manifestantes dos portões da empresa. Estamos aqui para garantir que ela será cumprida. Caso não seja cumprida, estamos autorizados a usar a força”, afirmou, por volta das 6 horas, o capitão PM Daniel de Oliveira Maiche, que contou com o apoio do comando de homens do 2º Baep, do comando da PM Rodoviária do Estado, além do 29º BPMI, de Cubatão.

A Prefeitura  de Cubatão está apoiando a manifestação e, por isso, publicou um decreto confirmado ponto facultativo para esta quarta-feira. O expediente para os órgãos da Administração Direta e Indireta será das 8 às 11 horas.

Esquema

Autoridades da Baixada Santista prepararam esquemas especiais para acompanhar a manifestação. A Companhia Municipal de Trânsito (CMT) de Cubatão interditou a Rua Manoel Jorge (entre a Avenida Miguel Couto e a Rua Bernardo Pinto), a partir das 9 horas. Nas demais vias, só haverá interdições caso haja necessidade. Os agentes da CMT estão nas ruas para orientar os motoristas.

Apoio 

A Ecovias, que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), monitorou nas primeiras horas da manhã os principais pontos do sistema, especialmente o Km 262 da Rodovia Cônego Domênico Rangoni, mas não houve impactos na estrada.

Os ônibus intermunicipais da Viação Piracicabana que fazem o trajeto por Cubatão cumprem seus roteiros normalmente. “Caso haja necessidade de alteração nos itinerários, nossa equipe estará de prontidão para fazer e informar os desvios aos clientes”.

Santos

Em Santos, de acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), também não houve reflexos. Agentes de tráfego foram posicionados nas avenidas Martins Fontes, Nossa Senhora de Fátima e região da Alemoa.

Em nota enviada na terça-feira (10/11), a Usiminas reafirmou o seu último posicionamento sobre o protesto: “A Usiminas respeita o direito dos cidadãos de expressarem livremente suas opiniões, mas espera que as manifestações previstas para o dia 11 se deem de forma pacífica. A empresa também espera que seus trabalhadores não sejam impedidos de exercerem suas atividades e que a segurança deles e de quaisquer pessoas não seja colocada em risco”, informou.

Fonte: A Tribuna Online
Data original da publicação: 11/11/2015

One Response

  • É só pra isso que serve a PM, pra reprimir trabalhador e população insatisfeita. Imbecil é aquele que acredita que a PM existe para nos proteger. E depois a PM pede pra população apoiá-los, pode confiar e coisa e tal. EU NÃO CONFIO NA PM.

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