Policiais federais fazem paralisação de 48 horas e manifestações pelo país

Policiais federais suspenderam as atividades por 48 horas, desde as 8h30 da manhã de ontem (25). Agentes, escrivães e papiloscopistas, que denunciam o “sucateamento” do órgão e congelamento dos salários nos últimos sete anos, não descartam a possibilidade de greve nacional por tempo indeterminado.

Além da paralisação, os servidores organizam manifestações em todo o país. Em Brasília, cerca de 400 policiais realizaram um enterro simbólico da “segurança pública brasileira”, em frente ao Ministério da Justiça. Em São Paulo, os trabalhadores suspenderam as atividades na segunda-feira (24), após realizar uma manifestação em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado (Fiesp), e também permanecem em greve até quarta-feira (26). Em outros estados, os agentes realizam protestos, com o uso de mulas diante de unidades da PF, como uma sátira à gíria utilizada para se referir a pequenos traficantes.

“Hoje, a Polícia Federal não prende mais os donos e os chefes do tráfico, ela deixou de atuar no seu trabalho mais importante e passou a fazer prisões de ‘mulas’, que vão até as fronteiras buscar drogas”, afirma o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Jones Borges Leal.

Ele afirma ainda que a falta de recursos e de reconhecimento profissional e salarial estão entre os fatores responsáveis para a desmotivação dos trabalhadores. Segundo Leal, nos últimos sete anos a categoria acumula perdas de aproximadamente 40%, o que desmotiva os agentes a seguir carreira no órgão. “Hoje, o colega entra na Polícia Federal e antes de concluir o curso (com duração de quatro meses e obrigatório para os aprovados no concurso) ele já pediu a saída, porque já percebeu a crise interna e o ‘adoecimento’ da instituição”, conta.

“A gente apreende aproximadamente 1% dos ilícitos que passa pelos aeroportos e estou sendo generoso ao afirmar esse percentual. Temos pedaços de fronteira com 300, 400 quilômetros, sem nenhum policial. Imagina a facilidade de se transportar qualquer mercadoria por ai”, acrescenta o sindicalista.

Pesquisa realizada pela Polícia Federal, com base à Lei de Acesso à Informação e dados consultados do Sistema Nacional de Informações Criminais (Sinic), que centraliza as informações criminais no âmbito da PF, mostra que entre 2010 e 2013, o número de indiciados pela Polícia Federal em todo o paíscaiu de 46.502 para 18.325, queda de 60%. Já o número de indiciados em crimes de tráfico de drogas sofreu redução de 40%, passando de 5.590 para 3.369.

Entre as reivindicações, a Fenapef defende a instalação de uma carreira única na PF e a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 51/2013, do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que modifica toda a estrutura de segurança pública e estabelece a desmilitarização das polícias. “As portas do governo nunca estiveram fechadas para negociações, mas também nunca foi apresentado nenhuma solução para os problemas que a Polícia Federal vem enfrentando há anos”, diz Leal.

A entidade afirma que os serviços de atendimento à população estão mantidos.

Fonte: Rede Brasil Atual, com ajustes
Texto: Viviane Claudino
Data original da publicação: 25/02/2014

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