Pluriatividade no meio rural: flexibilização e precarização do trabalho na agricultura familiar

Rosangela Werlang
Jussara Maria Rosa Mendes

FonteEm Pauta, Rio de Janeiro, v. 14, n. 38, p. 140-163, 2. sem. 2016.

ResumoEste artigo é fruto de pesquisa teórica realizada no âmbito do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Saúde e Trabalho (Nest/UFRGS) e trata da saúde do trabalhador no meio rural. Neste sentido, aborda os processos de modernização nas áreas rurais, articulados às transformações no trabalho, assim como às implicações de tais modificações na vida do pequeno agricultor. Além disso, aponta a investida do capital para que se consolide o fim da pequena agricultura tradicional, seja por meio da articulação com a indústria, seja por meio da pluriatividade, expressão contemporânea da flexibilização e, ademais, da precarização do trabalho. Destarte, este estudo objetiva apresentar a pluriatividade e a articulação com a indústria enquanto expressões da transformação do trabalho no meio rural, assim como a possibilidade contígua da destruição da agricultura familiar.

SumárioIntrodução | O processo de modernização da agricultura: o ocaso do pequeno agricultor | A pluriatividade: flexibilização do trabalho no meio rural | Considerações finais | Referências

Introdução

Este artigo trata da flexibilização e da precarização do trabalho na agricultura familiar. O avanço capitalista, ensejado pela modernização que adentra o campo, tem conduzido a novas formas de trabalho e de vida no meio rural, afetando sobremaneira os pequenos agricultores que vivem da agricultura familiar nas pequenas propriedades rurais. Destarte, a articulação ou integração com a indústria seria uma das formas por meio da qual se expressa o avanço do capital no campo. Outra forma seria a inserção de atividades não necessariamente agrícolas no seio das famílias dos pequenos agricultores, a chamada pluriatividade, fazendo com que o rural e o pequeno agricultor se distanciem de sua característica principal, qual seja, a de produzir alimentos para o seu sustento, tendendo por fim ao assalariamento.

É inegável a contradição que se instala neste espaço de vida e trabalho, que expressa o ocaso da pequena agricultura familiar. Esta, para sobreviver, flexibiliza-se e precariza as relações de trabalho, alterando, pouco a pouco, o ser e o fazer do pequeno agricultor. Assim, este estudo, fruto de pesquisa teórica realizada no Núcleo de Estudo e Pesquisa em Saúde e Trabalho (Nest) do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), objetivou refletir sobre o ocaso da pequena agricultura familiar, via mecanismos conexos ao capital, quais sejam, a articulação com a indústria e, especialmente, a pluriatividade. Desse modo, este artigo encontra-se estruturado em duas partes: a primeira, que aborda o processo de modernização da agricultura, e a que trata das formas de flexibilização e precarização do trabalho no meio rural enquanto expressões da investida do capital contra a pequena agricultura familiar.

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Rosangela Werlang tem pós-doutorado em Psicologia Social e Institucional (UFRGS/CNPq/PDJ). Pesquisadora Visitante (UFRGS/CNPq). Membro do Núcleo de Estudos em Saúde do Trabalhador (NEST). Professora convidada do curso de Especialização em Ética e Educação em Direitos Humanos da Faculdade de Educação (FACED/UFRGS) e da Especialização em Saúde do Trabalhador, do Instituto de Psicologia (PPGPSI/UFRGS).

Jussara Maria Rosa Mendes tem pós-doutorado em Serviço Social pela Universität Kassel (Alemanha – 2010). Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional/UFRGS e professora adjunta do curso de Serviço Social da UFRGS. Colaboradora do Programa de Pós-graduação em Serviço Social da PUC-RS. Coordenadora do Núcleo de Estudos em Saúde e Trabalho – NEST/UFRGS. Consultora do MS/COSAT e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

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