O internacionalismo operário entre o local e o global: as redes sindicais de trabalhadores químicos e metalúrgicos no Brasil

Autor:Ricardo Framil Filho
Orientador:Leonardo Gomes Mello e Silva
Ano:2016
Tipo:Dissertação de Mestrado
Instituição:Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Departamento de Sociologia. Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Repositório:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP
Resumo:Nos últimos anos, tem sido crescente a publicação de trabalhos preocupados com as respostas dos trabalhadores à globalização. Em especial, a proposição de que estaria em desenvolvimento um “novo internacionalismo operário” motivou debate. O alcance deste processo ainda é incerto, mas sindicalistas alojados em organizações sindicais internacionais levaram a cabo iniciativas na tentativa de responder aos desafios da globalização, o que tem gerado experiências inovadoras. Esta pesquisa explora as características das redes sindicais em empresas transnacionais em atuação no Brasil nos setores químico e metalúrgico, exemplo de ação sindical que tem sido considerado parte dessa tendência. Essas redes articulam trabalhadores e sindicatos que atuam em relação a uma mesma empresa transnacional em diversas partes do mundo e são hoje bem conhecidas entre os sindicalistas engajados nesse tipo de atividade. Este trabalho introduz a questão do novo internacionalismo operário, apresenta a origem das redes no mundo e no Brasil e, por fim, analisa a ação de 15 redes sindicais. O que torna essas redes relevantes é o fato de que elas oferecem um exemplo concreto de como é possível articular o “global” e o “local” através de uma ação sindical multiescalar: ao ligar em um movimento global sindicatos até então separados entre si, elas criam a possibilidade de enfrentar a empresa em escalas para além do local, seja nacionalmente ou internacionalmente. Por outro lado, a pesquisa revela que o engajamento dos sindicatos locais implica um processo de acomodação em que os seus interesses imediatos, vinculados ao trabalho sindical cotidiano, precisam ser atendidos para que as redes sejam viáveis na prática. Além disso, o fato de que as redes são construídas a partir da estrutura sindical já constituída impõe limites às suas possibilidades de ação. A estratégia das redes, assim, é marcada por preocupações pragmáticas e busca emular as relações de trabalho encontradas em algumas transnacionais: aquelas que admitem uma relação mais democrática com os sindicatos sob o paradigma do “diálogo social”. Para subsidiar a análise, a pesquisa mapeou as redes sindicais em atuação no país e, após análise documental preliminar, realizou uma série de entrevistas semiestruturadas com dirigentes sindicais brasileiros e estrangeiros. Um primeiro conjunto de entrevistas serviu para identificar as posições dos formuladores da política geral de redes sindicais, representantes de um “sindicalismo global”. Posteriormente, a pesquisa se voltou para o trabalho mais cotidiano das redes. Foram entrevistados coordenadores e participantes de 15 redes sindicais em atuação no país, em geral sindicalistas em contato próximo com o chão de fábrica. Cada uma dessas redes se organiza em relação a uma empresa específica, e estão representadas empresas brasileiras, europeias e norte-americanas.
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