“Não fale em crise, trabalhe”: sobre a ideologia do trabalho

Pablo Biondi

Fonte: Revista Direitos, Trabalho e Política Social, Cuiabá, v. 3, n. 4, p. 90-110, jan./jun. 2017.

Resumo: Nosso propósito com o presente artigo é analisar o conceito de ideologia como uma forma social e histórica, tal como as formas jurídicas e estatais no capitalismo, e usar essa percepção para identificar como uma derivação concreta desta categoria, que poderíamos nominar como “ideologia do trabalho”, produz uma “autossujeição” na classe trabalhadora, um tipo de dominação que é concebível apenas sob o sistema social capitalista. Também é um objetivo compreender como essa ideologia, ao operar de uma maneira particular, é apta para confundir a classe trabalhadora e elevar sua disciplina do trabalho, especialmente durante períodos de crise econômica, fornecendo condições para elevar as taxas de exploração. Certamente, um estudo dessa natureza só pode ser realizado por meio da metodologia marxista, e particularmente na perspectiva das formas sociais.

Sumário: Introdução | Sobre a ideologia | A ideologia do trabalho, ou o trabalho na perspectiva do capital | Crise do capital, ideologia do trabalho e direitos sociais | Conclusão | Referências bibliográficas

Introdução

A frase “Não fale em crise, trabalhe”, adotada como slogan informal do governo Michel Temer, é extremamente reveladora, apesar de ter sido apanhada ao acaso num outdoor. Mais do que ilustrar a visão de mundo das classes dominantes e de seus agentes, ela descortina todo um modo de dominação ideológica e toda uma compleição social capitalista na perspectiva das categorias essenciais dessa sociedade.

Cumpre aproveitar a oportunidade para destrinchar as raízes ideológicas dessa mensagem e, centrando-nos nela, discutir a própria noção de ideologia, suas implicações e sua efetivação em situações críticas, como é o caso da crise econômica. Nesse sentido, cabe aprofundar o conceito e a dinâmica da ideologia, identificar suas derivações no âmbito do trabalho e estabelecer uma correlação com a crise do capital, apontando as funcionalidades estabelecidas.

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Pablo Biondi é advogado. Doutor e Mestre em Direitos Humanos na área de concentração de Direitos Humanos pela Universidade de São Paulo; Membro do grupo de pesquisa “Direitos humanos, centralidade do trabalho e marxismo”, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

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