Mulheres têm mais estudo, mas salário dos homens ainda é maior

A igualdade de gênero ainda tem um caminho a ser percorrido no Brasil. Apesar de estudarem mais do que os homens, as mulheres ainda têm um salário menor, conforme mostra o estudo Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgado na quarta-feira (07/03).

O estudo tem como objetivo aprofundar os debates acerca do dia Internacional da Mulher, comemorado na quinta-feira (08/03).

Nas últimas três décadas, o processo de mudança dos padrões culturais de gênero estão amenizando, ainda que lentamente, as tradicionais barreiras da entrada das mulheres no mercado de trabalho, além de sinalizarem uma redução de fecundidade e a elevação da continuidade dos níveis de escolaridade das mulheres.

Os indicadores divulgados pelo estudo confirmam a tendência de que a escolaridade entre as mulheres aumentou em relação aos homens. De acordo com dados da PNAD Contínua 2016, não houve diferença expressiva no ensino fundamental entre homens e mulheres, pois o acesso à escola na faixa etária de 6 a 14 anos está praticamente universalizada.

A frequência escolar entre pessoas de 15 a 17 anos, independentemente do nível de ensino, ou seja, a frequência escolar bruta, também mostrou uma proximidade entre mulheres e homens: de 87,1% e 87,4%, respectivamente.

No entanto, na faixa etária de 18 a 24 anos, o percentual de mulheres na escola é superior ao dos homens em 2,5%. Em 2016, de acordo com dados da PNAD Contínua, a taxa de frequência escolar líquida ajustada no ensino médio dos homens de 15 a 17 anos de idade era de 63,2%, 10,3 pontos percentuais abaixo da taxa feminina (73,5%).

Ainda de acordo com a pesquisa, também é possível observar desigualdade entre as mulheres. Isso porque as mulheres pretas ou pardas de 15 a 17 anos de idade apresentam atraso escolar em 30,7% dos casos, enquanto 19,9% das mulheres brancas dessa faixa etária estão na mesma situação. Porém, a maior diferença desse indicador está entre as mulheres brancas e os homens pretos ou pardos: o atraso deles (42,7%) era mais do que o dobro do delas (19,9%) nesse caso.

A diferença observada, segundo a pesquisa, está relacionada aos papéis de gênero, que faz com que os homens entrem precocemente no mercado de trabalho. Com isso, as mulheres atingem, em média, um nível de instrução superior ao dos homens. A maior diferença porcentual entre homens e mulheres encontra-se no nível “superior completo”, principalmente entre as pessoas da faixa etária mais jovem, de 25 a 44 anos de idade. O porcentual de homens que completou a graduação foi de 15,6%, enquanto o de mulheres atingiu 21,5% — indicador 37,9% superior ao dos homens.

No nível “superior completo”, novamente, observa-se desigualdade entre as mulheres por cor ou raça. O percentual de mulheres brancas formadas em universidades é mais do que o dobro do calculado para as mulheres pretas ou pardas. O número é de 2,3 vezes maior.

A comparação com os homens pretos ou pardos também apresenta desigualdade: o número de mulheres brancas com ensino superior é de mais do que três vezes maior do que o dos homens pretos ou pardos. Com isso, os homens pretos ou pardos ficam no grupo com os piores resultados educacionais.

Mesmo com a diferença nos estudos, as mulheres ainda têm piores remunerações salariais. O rendimento habitual médio mensal das mulheres é de R$ 1.764 enquanto o dos homens é de R$ 2.306. Ou seja, as mulheres seguem recebendo cerca de 3/4 do que os homens recebem. Isso se deve à natureza dos postos de trabalho ocupado pelas mulheres.

Ainda em relação ao mercado de trabalho, em 2016 as mulheres ocuparam apenas 37,8% dos cargos de gerência. Segundo a pesquisa, a presença feminina nos cargos gerenciais diminuiu nos últimos anos. Em 2011, as mulheres respondiam por 39,5% desses cargos, o que representa uma queda de 1,7% em cinco anos.

Além disso, as mulheres ainda seguem se dedicando relativamente mais tempo aos afazeres domésticos e cuidados, independentemente do grupo de idade observado. As mulheres gastam 18,1 horas por semana se dedicando aos cuidados de pessoas ou a afazeres domésticos, enquanto os homens gastam 10,5 horas por semana. As diferenças, no entanto, aumentam entre as faixas de idade mais elevadas.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa do IBGE traz informações sobre as condições de vida das brasileiras. O Instituto compilou informações de diversas pesquisas como a Pnad, Pnad-Contínua e Pesquisa Nacional de Saúde, juntamente com dados de fontes externas como Ministério da Saúde, Congresso Nacional e Inep/MEC.

Os indicadores estão agrupados em cinco temas: estruturas econômicas e acesso a recursos; educação; saúde e serviços relacionados; vida pública e tomada de decisões; e direitos humanos de mulheres e crianças. Dependendo do indicador, o período retratado vai de 2011 a 2016.

Confira dados da desigualdade de gênero no Brasil:

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Fonte: Portal R7
Texto: Juliana Moraes
Data original da publicação: 07/03/2018

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