Milhões de crianças continuam a ser forçadas a trabalhar

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), cerca de 40 mil crianças trabalham em minas de cobalto na República Democrática do Congo. Por um turno de trabalho, que pode chegar a durar 24 horas, recebem menos de 1 euro e 80 cêntimos. Algumas não chegam a receber metade disso.

“As condições de trabalho nas minas congolesas são miseráveis”, diz Faustin Adeye, que trabalha na instituição de solidariedade católica Misereor. “Muitas crianças são arrasadas do ponto de vista físico. Há escavações inteiras feitas a partir das próprias mãos destas crianças, sem luvas, apenas com a ajuda de machetes.”

Adeye acrescenta que, por vezes, há acidentes, as minas desabam e as crianças acabam enterradas vivas.

Algumas crianças têm apenas 7 anos e muitas trabalham sem qualquer proteção ou roupa apropriada, de acordo com a organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional.

Multinacionais preocupadas?

A matéria-prima recolhida é usada para fazer baterias de smartphones. Gigantes da eletrónica como a Apple, a Microsoft, a Samsung ou a Sony usam o material para construir os seus aparelhos eletrónicos.

O mineral também pode ser encontrado em carros elétricos produzidos pela Daimler ou pela Volkswagen. No entanto, todas estas empresas rejeitam ser associadas ao trabalho infantil. Foi isso que defendeu a alemã Daimler, em dezembro, depois de ter sido contactada pela DW.

Milhões de crianças forçadas a trabalhar

Por escrito, a empresa respondeu que exige a todos os seus fornecedores que cumpram as normas e leis internacionais aplicáveis. As próprias regras internas sobre condições de trabalho, normas sociais, ética profissional e proteção ambiental vão, segundo a Daimler, muito além das obrigações legais, e os fornecedores também estariam empenhados em cumprir as normas legais.

A fabricante de automóveis BMW admitiu que usou cobalto da República Democrática do Congo na produção de baterias. Para garantir que não voltariam a compactuar com violações dos direitos humanos, a empresa com sede em Munique garantiu que começou a controlar os seus fornecedores a pente fino.

Em março, a norte-americana Apple também comunicou que pretendia parar de comprar o cobalto extraído à mão na República Democrática do Congo. É neste país que existem os maiores depósitos deste mineral, onde cerca 50% de todo o cobalto do mundo é extraído.

A Organização Internacional do Trabalho lançou o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil em 2002 para chamar a atenção para a situação de milhares de crianças em todo o mundo. A data é assinalada todos os anos a 12 de junho.

Fonte: Deutsche Welle
Texto: António Cascais
Data original da publicação: 12/06/2017

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