Insurgente doméstica: conheça a líder do movimento das empregadas nos EUA

Ai-jen Poo é uma taiwanesa de 39 anos de idade que já conseguiu um feito notável: muitos apontam que, ao organizar as trabalhadoras domésticas, ela transformou o movimento pelos direitos trabalhistas nos Estados Unidos. Poo “sindicalizou” a atividade, tarefa considerada das mais difíceis. Nomeada pela revista TIME uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, ela hoje lidera uma associação nacional com mais de 10 mil babás, empregadas, diaristas e cuidadoras.

No Brasil, ainda está fresca a aprovação da PEC das Domésticas – que não faz mais do que estender aos empregados domésticos todos os benefícios já consagrados há décadas para os demais trabalhadores. Nos EUA, não é muito diferente. Desde 1935, esse tipo de trabalho esteve excluído da legislação laboral. O estado de Nova York voltou atrás há apenas três anos; e sob a mobilização liderada por Ai-jen Poo.

“Trabalhadoras domésticas [principalmente as que dormem no emprego] têm uma relação de identificação social complicada. Têm poucos laços com as suas famílias e comunidades de origem e muito menos com as famílias para quem trabalham”, diz Poo, que demorou sete anos para conseguir organizar a categoria em Nova York, em entrevista concedida ao site norte-americano In These Times.

Para que a legislação pudesse ser finalmente promulgada, Nova York presenciou uma mobilização social que foi além de passeatas com empregadas domésticas. Muitas crianças com cartazes dizendo “respeite a minha babá” também estiveram presentes. Porteiros também apoiaram a causa; afinal, são eles que testemunham todos os dias as longas horas de trabalho que as babás e faxineiras têm que enfrentar.

A base de apoio foi tamanha que muitos patrões e patroas também encamparam as bandeiras. Perguntada se esse tipo de ligação é controversa ou problemática, ela nega: “na campanha pela dignidade humana, não existem aliados indesejáveis”.

A tarefa de mobilizar a categoria começou com Poo nos anos 90. Naquela época, trabalhadoras domésticas eram vistas como uma força marginal do movimento trabalhista nos EUA. Hoje, ela aponta que toda a força de trabalho no país está sujeita às mesmas dinâmicas: isolamento, trabalho temporário, vulnerabilidade e insegurança no emprego.

“Se conseguirmos encontrar com sucesso quais modelos funcionam para as domésticas, podemos contribuir para o quadro geral e reinventar o movimento trabalhista no século XXI”, diz a líder taiwanesa.

Fonte: Samuel/Opera Mundi
Data original da publicação: 10/04/2013

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