Fim de restrições a romenos e búlgaros gera temores de invasão na Grã-Bretanha

Cidadãos romenos e búlgaros terão acesso irrestrito aos mercados de trabalho britânico e de outros oito países da União Europeia a partir de quarta-feira (01), quando caem as barreiras que até então os impediam de procurar emprego no país.

A decisão vem gerando polêmica na Grã-Bretanha, fomentada por temores de que uma possível migração em massa para a Grã-Bretanha sobrecarregue os sistemas públicos de educação e saúde e reduza as oportunidades de trabalho para os britânicos.

Restrições semelhantes a búlgaros e romenos que vigoravam em Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Luxemburgo, Malta, Espanha e Holanda também serão suspensas no 1º de janeiro.

Ministros do governo de coalizão britânico afirmam que as restrições não podem mais ser estendidas, mas que vão reduzir acessos a benefícios estatais e que no futuro pretendem endurecer as regras de livre circulação no país.

O governo não divulgou estimativas de quantos imigrantes búlgaros e romenos devem entrar no país, mas a organização Migration Watch, que defende regras mais duras para imigrantes, prevê que até 50 mil pessoas possam chegar ao país por ano nos próximos cinco anos.

Mais mão de obra

Enquanto isso, empresários britânicos afirmam que empresas podem se beneficiar com mais acesso a uma “maior força de trabalho” e avaliam que o debate sobre imigração se tornou altamente politizado.

Búlgaros e romenos podem entrar e sair livremente da Grã-Bretanha desde 2007, quando seus países aderiram à União Europeia.

Mas, desde então, eles somente tinham o direito de trabalhar no país se fossem autônomos, obtivessem oferta de emprego ou ocupassem vagas especializadas que não podiam ser preenchidas por britânicos.

As restrições foram estendidas por dois anos em 2012, mas agora o governo diz que não pode mais manter as barreiras, sob pena de infringir regras do bloco.

No entanto, mais de 60 parlamentares apóiam uma campanha para que as barreiras sejam estendidas por mais cinco anos, alegando que a economia britânica ainda não se recuperou da recessão econômica de 2008 e que a entrada de mais imigrantes colocará pressão sobre os serviços públicos e reduzirá as oportunidades de trabalho para os britânicos.

A organização Migration Watch ainda estima que muitos dos dois milhões de romenos e búlgaros que atualmente trabalham na Espanha e na Itália ficarão “tentados” a ir para a Grã-Bretanha, atraídos por salários melhores e acesso a benefícios.

A organização diz também que a Grã-Bretanha continua sendo o “destino mais lucrativo” para imigrantes europeus.

O governo disse que vai endurecer regras para assegurar que os imigrantes não possam dar entrada em benefícios como seguro desemprego até três meses após sua chegada.

O Ministro do Trabalho e Pensões, Ian Duncan Smith, disse que o publico britânico “está certo em querer que os imigrantes contribuam com o país e não apenas sejam atraídos pelo sistema de benefícios”.

Racismo

Bulgária e Romênia rejeitam as previsões de que seus países experimentariam um êxodo de imigrantes para a Grã-Bretanha.

Uma autoridade romena acusou setores da imprensa britânica de inflamar tensões acerca da suspensão das barreiras de imigração.

“Nós vemos as manchetes que às vezes se aproximam de comentários racistas, xenófobos”, disse Brandusa Predescu, porta-voz do governo da Romênia à Radio 5 da BBC.

Ela disse que a Grã-Bretanha “é uma das sociedades mais multiculturais, abertas e tolerantes do mundo” e descreveu a campanha contra imigrantes de seu país como uma “contradição com a atitude dos britânicos”.

Na terça-feira (30), o tabloide The Sun trouxe uma reportagem com o título “Pedintes espertos”, ilustrada com uma foto de um grupo de romenos embarcando em um ônibus rumo a Grã-Bretanha.

A matéria dizia que entre os passageiro estavam “um ladrão condenado e seu filho aprendiz” além de outros que pretendiam “roubar metais e viver de benefícios”.

Fonte: BBC Brasil
Data original da publicação: 01/01/2014

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