Congresso de sociologia atualiza temas do mundo do trabalho

As transformações sociais, os grandes conflitos da atualidade, as mudanças no mundo do trabalho e suas implicações no processo produtivo. Essas e outras questões tiveram como palco o campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) no XVII Congresso Brasileiro de Sociologia, promovido pela Sociedade Brasileira de Sociologia entre os dias 20 a 23 de julho de 2015, em Porto Alegre.

O tema do evento foi “Sociologia em Diálogos Transnacionais”, que buscou chamar a atenção para a importância dos debates correntes nas principais redes internacionais de pesquisa sociológica. Para os organizadores do evento, essas redes propiciam a crescente cooperação em pesquisa e docência de sociólogos brasileiros com colegas de diversas partes do mundo, estabelecendo uma conexão com pesquisadores dos países integrantes do bloco Brics, da América Latina e da África, América do Norte e Europa.

Um dos objetivos do Congresso foi o de fomentar o aprofundamento dessas relações. Mas o propósito principal se centrou em uma Sociologia engajada na busca de respostas para os debates correntes, inserida em temas atuais nas diferentes sociedades e na academia.

Além de conferências, mini- cursos e atividades culturais, como o lançamento de livros e exposições fotográficas, o evento concentrou uma grande quantidade de novos estudos e reflexões ao tema principal do projeto DMT.

No primeiro dia programação, 21 de julho, uma das mesas redondas inaugurais do Congresso abordou o tema da saúde do trabalho com o título “Quando a lógica do cuidado à saúde conflita com a dos territórios profissionais: regulação do trabalho em foco”, tendo como palestrantes Angelo D’agostini Junior (DEGERTS), Gerardo Alfaro (OPAS/OMS) e Maria Luiza Jaeger (UNIDA).

Durante a tarde do dia 21 de julho, iniciaram-se as apresentações dos grupos de trabalhos, que continuaram durante as tardes dos dias 22 e 23 de julho com apresentações curtas e longas de estudos concluídos ou em desenvolvimento. Entre os trinta e sete grupos presentes no Congresso, quatro trataram diretamente do mundo do trabalho.

Sob a coordenação de Adriane Ferrarini (UNISINOS) e Fabio Sanchez (UFSCar), o GT07 tratou do tema “Economia social e solidária: alternativas de trabalho, participação e mobilização coletiva”. Com a coordenação de Liliana Petrilli Segnini (UNICAMP) e Roberto Véras de Oliveira (UFCG), o debate do GT 18 girou em torno das “Novas configurações do trabalho nos espaços urbano e rural”, com estudos diversas regiões brasileiras. Já no GT 20, com coordenação de Maria da Gloria Bonelli (UFSCar) e Jordão Horta Nunes (UFG), as apresentações orbitaram em torno do tema “Ocupações e profissões”.

Um dos grupos que mais chamou a atenção para as questões do mundo do trabalho foi o GT 35, coordenado por Marco Aurélio Santana (UFRJ) e Ruy Braga Neto (USP), intitulado “Trabalho, Sindicalismo e Ações Coletivas”. Dentre os destaques estão “Sindicalismo na encruzilhada? Fortalecimento da ação corporativa versus protagonismo social e político”, realizado pelos professores José Dari Krein (CESIT/Unicamp) e Hugo Dias (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho/ Universidade de Coimbra).

Durante os três dias de apresentações do GT 35, chamaram atenção também outros trabalhos: “A informalidade é inerente ao trabalho por conta própria? Uma investigação qualitativa confrontando as estatísticas”, de Lorena Holzmann (UFRGS); “Relações de trabalho no capitalismo contemporâneo e a terceirização: a dinâmica da regulamentação dessa forma de contratar no Brasil e o papel da Justiça do Trabalho”, de Alisson Dropa (UNICAMPI) e Magda Biavaschi (UNICAMPI); “Globalização neoliberal, reestruturação produtiva, imigração, divisão internacional e sexual do trabalho: qual o papel do sindicalismo internacional?”, de Katiuscia Moreno Galhera (UNICAMP).

O tema do trabalho não ficou circunscrito somente aos grupos. Na manhã do dia 22 de julho, segundo dia do Congresso, a mesa redonda “Repensando o trabalho: ocupações, valores e formas de organização”, coordenada por Angela Maria Carneiro de Araújo, contou com os palestrantes Jacob Carlos Lima (UFSCar, Antônia Colbari (UFES), Iram Jácome Rodrigues (USP) e Márcia de Paula Liete (UNICAMP). Ainda na manha do dia 22, Pedro Hespanha (UC) tratou dos impactos da crise econômica europeia no mercado de trabalho do sul da Europa na conferência “Estado social, crise e reformas na Europa do Sul”.

Destacaram-se na manhã do dia 23 de julho três mesas redondas. “O sindicalismo brasileiro no século XXI: balanços, perspectivas e desafio”, coordenado por Maria Aparecido Bridi (UFPR), articulou-se com os palestrantes Mascos Ferras (UFPR), José Ricardo Ramalho (UFRJ), Roberto Véras de Oliveira (UFPB), José Dari Krein (UNICAMP). Destacou-se também “Trabalhos, políticas sociais: a construção da cidadania em questão” coordenado por Cinara L. Rosenfield (UFRGS), que contou com os palestrantes Christian Azaïs (LISE), Isabel Georges (DEVSOC), Cibele Rizek (CENEDIC USP), Marilis Lemos de Almeida (UFRGS). Por fim, “Etnografia operária e historiografia do trabalho: diálogo metodológicos”, coordenado por Ruy Braga (USP), que, com a presentação de José de Sousa Martins (USP), Marco Aurélio Santana (UFRJ) e Roberto Verás (UFPB), trouxe relatos de casos pitorescos para ilustrar as dificuldades do método de observação participante no estudo da sociologia do trabalho.

Para a presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia, Soraya Vargas Cortes, o Congresso em Porto Alegre alcançou os objetivos de “colaborar para a compreensão de transformações sociais ora em curso, de resistências à mudança, de continuidades e rupturas em padrões culturais e em instituições sociais”.

One Response

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *