A precarização do trabalho via deslocamento/transporte dos trabalhadores: o caso das fábricas Funada e Vitapelli/Vitapet em Presidente Prudente-SP

Rafael Freire de Paula

FontePegada, Presidente Prudente, v. 15, n. 1, p. 33-61, jul. 2014.

Resumo: Este artigo é fruto de um trabalho de monografia, cuja discussão central é relativa à precarização do trabalho na Indústria e Comércio de Bebidas Funada e no curtume Vitapelli/Vitapet a partir de novos elementos encontrados pelo capital com vistas à maximização do controle sobre o trabalho. Nosso objetivo principal neste artigo é demonstrar que o deslocamento/transporte dos trabalhadores, do modo como está organizado nas respectivas empresas, funciona como elemento de acentuação da precarização e do controle do trabalho, seja no âmbito das Bebidas Funada, que não fornece transporte aos trabalhadores, ou no caso do curtume Vitapelli/Vitapet, que fornece o transporte por fretamento. A pesquisa foi construída com base na fundamentação teórica a respeito do tema, dentro do eixo temático Geografia do Trabalho.

Sumário: Introdução | A conjuntura global do modelo produtivo: o fordismo, a acumulação flexível e o toyotismo | A precarização do trabalho via deslocamento/transporte dos trabalhadores | As empresas estudadas: o Vitapelli/Vitapet e Funada | Características do deslocamento/transporte dos trabalhadores | Considerações finais | Bibliografia

Introdução

Em Presidente Prudente, interior do estado de São Paulo, milhares de trabalhadores se deslocam diariamente com destino ao trabalho, sejam eles no interior do município ou por deslocamentos intermunicipais. Os trabalhadores da indústria, especificamente, detêm particularidade no que se refere ao deslocamento casa-trabalho, haja vista o fornecimento de transporte por várias empresas locais, assim como a não disponibilização deste serviço por outras.

Percebemos a circulação de número considerável de veículos destinados ao transporte de funcionários no município, especialmente durante a construção do trabalho de monografia, brevemente exposto neste artigo. O fluxo destes veículos é intensificado aos finais de tarde, devido a trocas de turno. Essa conjuntura permitiu nosso questionamento em relação a estratégias utilizadas pelo capital para a maximização do controle da força de trabalho e, ainda, buscarmos os elementos decisivos para aquelas que, mesmo com número considerável de trabalhadores, não cedem os ônibus aos respectivos funcionários.

Este trabalho foi baseado em duas premissas básicas: a) relevância social, apoiado no interesse demonstrado em avançarmos no debate relativo à apropriação, controle e gestão do trabalho imposto pelas empresas a seus funcionários, através do modal de locomoção; b) importância científica, haja vista que não encontramos em nossa revisão bibliográfica estudos específicos em respeito à temática em apreço, além da importância da crítica à apropriação da mão de obra e do espaço por parte do capital, fatores que instigaram a elaboração desta pesquisa.

O objetivo deste artigo é apresentarmos a questão do deslocamento/transporte dos trabalhadores inserida no debate a respeito da precarização do trabalho, tendo em vista os relatos colhidos durante as entrevistas e questionários realizados na pesquisa de campo, que salientam vários aspectos interessantes, tais como: tempo de viagem, conforto, segurança e custo.

As empresas selecionadas para a pesquisa foram: Vitapelli/Vitapet, detentora do transporte por fretamento, que indica um alto grau de inserção na vida dos trabalhadores, exterior à fábrica; e a Indústria de Bebidas Funada (a qual, a partir daqui denominaremos apenas por Funada), que não emprega tal prática (transporte por fretamento), sendo possível a verificação de estratégias que a empresa utiliza para administrar ou minimizar os problemas no deslocamento diário de seus funcionários, além de proporcionar a comparação de ambos os casos.

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Rafael Freire de Paula é Bacharel e Licenciado em Geografia pela FCT/UNESP.

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